A CRIAÇÃO DAS TROPAS PÁRA-QUEDISTAS I I I
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A CRIAÇÃO DAS TROPAS PÁRA-QUEDISTAS I I I
As Tropas Pára-quedistas
Desde sempre, nas Forças Armadas e sobretudo no Exército, houve divergência
sobre as vantagens e inconvenientes, a justiça e injustiça, dos dois tipos de
estruturas militares seguintes: a primeira, caracterizada pele existência exclusiva
de forças uniformes de mediana preparação e com iguais previlégios ou regalias;
a segunda, caracterizando-se pela coexistência, por um lado, de corpos de forças
especiais, de pequenos efectivos, altamente preparadas e gozando de alguns privilégios,
e, por outro lado, de forças normais, de muito maiores efectivos, menos bem
preparadas e com menores regalias. Era o dilema das massas indiferenciadas e
das elites apuradas.
A criação das Tropas Pára-quedistas, necessariamente com carácter de corpo de
forças especiais, de pequenos efectivos, mas altamente preparadas e gozando
de alguns privilégios, mantendo-se muito maiores efectivos de forças normais,
com menor preparação e menores regalias, trouxe o dilema referido ao primeiro
plano da controvérsia. Sobretudo no Exército defendia-se o critério das massas
indiferenciadas, o que fez com que várias tentativas de viabilização de forças
suas especiais, como os sapadores de assalto e os caçadores especiais, tivessem
abortado rapidamente. Só mais tarde, já depois das Tropas Pára-quedistas criadas
e consolidadas, nasceram e conseguiram firmar-se, no Exército, como corpo de
forças especiais, as magníficas Tropas de Comandos. Na Força Aérea, as forças
especiais não causavam qualquer perturbação.
Também a criação das Tropas Pára-quedistas, prevista como devendo ter lugar
na Força Aérea, chocou com este outro problema - porquê na Força Aérea e não
no Exército? Multiplicaram-se os argumentos a favor de uma e de outra tese.
Naturalmente que o Exército contrariava com vigor a ideia das Tropas Pára-quedistas
pertencerem à Força Aérea. E, mesmo mesno nesta Força Aérea, nem todos entendiam
bem porque tropas, mesmo que transportadas ou deslocadas pelo ar, mas que combatiam
no terreno, se deveriam integrar num ramo das Forças Armadas que apenas actuava
no ar - no ar ou do ar contra a terra e o mar. Isto provocou, igualmentem grande
celeuma.
Mas o Ministro da Defesa Nacional acabou por fazer vigorar, através de um critério
pragmático, a concepção da existência de um corpo de forças especiais - as Tropas
Pára-quedistas - na Força Aérea. Critério fundamentado, em primeiro lugar, na
indispensabilidade de forças especiais, dado ser impossível, por carência de
matéria-prima humana e por falta de recursos financeiros, dar à totalidade dos
efectivos uma preparação minimamente compatível com algumas importantes exigências
da guerra moderna, fosse ela convencional, nuclear ou subversiva, acrescendo,
no caso vertente, existirem missões que só as Tropas Pára-quedistas podiam executar.
Critério fundamentado, em segundo lugar, na posição, ainda então solidamente
vigente no Exército, ou mais precisamente nos seus Chefes, e não na Força Aérea,
contra as forças especiais, o que aconselhava a colocação das Tropas Pára-quedistas
nesta Força Aérea, que as acarinharia, e não naquele Exército, onde estariam
condenadas a dissolução precoce. E, em 1955, as Tropas Pára-quedistas foram
efectivamente criadas na Força Aérea, de começo ao nível limitado de um batalhão,
tendo sido aceites, após muita discordância, privilégios simultaneamente necessários,
suficientes e razoáveis.
As Forças Armadas Portuguesas passaram a conter um corpo de forças, hoje normal
em todos os países avançados, valoroso no espírito e na acção - as magníficas
Tropas Pára-quedistas.
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